sábado, 2 de janeiro de 2010

Mensagem de Ano Novo

Estou chocada com toda esta tragédia que vem ocorrendo em diferentes locais do Brasil, e especialmente em Angra dos Reis/RJ, por causa das chuvas.

Nesta época de fim-de-ano, tenho ficado meio reflexiva nos últimos anos... e até me sinto estranha, meio "down".

Mas isto não é nenhum pessimismo. É apenas momento de reflexão.

Acho que o valor que a maioria das pessoas dá a estes dias está equivocado: muito ligado ao material, focado em presentes, viagens e etc... E como não me identifico com este perfil e detesto andar por lojas no fim-de-ano, me sinto meio "peixe-fora-d'agua".

Mas adoro dar presentes! Destes assim, que têm a cara de alguém que a gente gosta e que, naquele determinado dia, a gente vê e tem vontade de comprar. Não consigo nem esperar uma data convencional para entregá-lo. Por exemplo, se é Natal, entrego antes mesmo; se é aniversário, idem...

E o Ano Novo?! É sempre momento de promessas... "Vou emagrecer, malhar mais, me divertir mais, ver mais os meus amigos, trabalhar um pouco menos (apesar de tantas coisas novas que penso também em fazer no campo profissional)." Não é assim?!

Mas está aí ... Ainda bem que existe Ano Novo: momento de reflexão e renovação.

Sinto MUITO por toda esta tragédia e rezo para que estas pessoas que perderam entes queridos nos últimos dias tenham força para sobreviver e enfrentar esta dureza toda.

E para nós, que estamos por aqui, deixo este poema de Carlos Drummond de Andrade, para auxiliar em nossas reflexões. E que seu monumento consiga permanecer com os óculos neste novo ano!

Feliz 2010!!!!



RECEITA DE ANO NOVO

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?)

Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem e
seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


FONTE: Jornal de Poesia, Carlos Drummond de Andrade

domingo, 27 de dezembro de 2009

Professores usam apenas recursos mais simples do computador

da Agência Brasil, em Brasília

Uma pesquisa realizada pela Fundação Victor Civita em 400 escolas de 13 capitais brasileiras mostra que os professores ainda dão preferência aos programas mais simples, quando utilizam o computador com seus alunos.

Para a metade dos entrevistados, o software mais utilizado é o de edição de texto, seguido por programas de visualização de mapas e editores de apresentação.

Segundo o estudo, falta preparo aos docentes para inserir as novas tecnologias de forma eficiente dentro de sala de aula. "A atividade mais realizada pelo professor com seus alunos é editar, digitar e copiar conteúdos", aponta a pesquisa.

Para o professor do Laboratório de Novas Tecnologias Aplicadas na Educação (Lantec) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Sérgio Amaral, o investimento feito pelos governos --federal, estaduais ou municipais-- para equipar as escolas se tornam "uma estupidez" se não houver preparação dos professores para trabalhar com as tecnologias.

"Não adianta nada instrumentalizar. O computador já é uma realidade na escola, mas o problema fundamental é que o professor não utiliza o recurso como instrumento didático. É ínfimo o potencial que se está utilizando", aponta o especialista.

Segundo Amaral, a falta de preparo vem da base, os próprios cursos de graduação não preparam os futuros educadores para a tarefa.

E a maioria dos cursos oferecidos posteriormente, segundo ele, são "instrumentais". "O que o professor precisa não é de um treinamento para dominar as tecnologias da informática. Mas para aprender como usar esses recursos, qual é a didática por trás", defende.

Para Amaral, quando o recurso é mal utilizado acaba sendo apenas um gerador de despesas. "Um computador caro vira um retroprojetor". E essa subutilização tem impacto no aprendizado do aluno.

"A criança já tem contato com o mundo digital pelo celular, pelo videogame, nas lanhouses. É preciso criar a aproximação desses sujeitos [professor e aluno]. Caso contrário, o desinteresse e o distanciamento continuam sistêmicos", diz.

O estudo aponta que apenas 28% das escolas contam com um professor orientador de informática. Segundo Ângela Danneman, diretora executiva da Fundação Victor Civita, responsável pela pesquisa, esse foi o modelo adotado pelos sistema educacional brasileiro para introduzir e administrar as tecnologias nas escolas.

"Onde esse professor está, o trabalho é melhor", aponta Ângela. Mas ainda assim, em apenas 9% das escolas ele tem a função de formar outros professores. "O importante é garantir a formação de todos os professores, [o que vai] melhorar a utilização da tecnologia como ferramenta para a aprendizagem de todos os conteúdos", indica.

FONTE: Folha Online, 27/12/2009