domingo, 9 de janeiro de 2011

Homens, médicos e endividados são os mais perigosos no trânsito


É curiosa esta reportagem da Folha de São Paulo de hoje.

Em primeiro lugar no risco de acidentes estão os estudantes... os médicos estão em segundo lugar.

E mulher ao lado do homem (motorista) no carro é fator de proteção.

Hahaha. Eu acho que depende da mulher.

Mas são coisas da estatística...


Ciência do trânsito aponta perfil de quem bate o carro

Segundo análise estatística de milhões de acidentes, homens, médicos e endividados são os mais perigosos

Presença de mulher no banco de passageiros faz homens, como que por mágica, passarem a colidir menos o carro


RICARDO MIOTO
DE SÃO PAULO

Os americanos estão recrutando alguns dos seus melhores estatísticos para saber quem é o sujeito que bate o próprio carro.
Se você está devendo dinheiro e é médico, esses especialistas em ciência do trânsito já olharão feio.
Se, além disso, você for um homem que costuma andar sozinho em carros grandes e alugados, meu amigo, os estatístico pedem desculpa, mas precisam dizer: você não tem carteira de motorista, você tem porte de arma.
Esse perfil é resultado da análise de milhões de casos em bancos de dados sobre acidentes de carro -americanos amam tanto estatísticas quanto carros, então era mesmo de se esperar que tivessem muito material disponível sobre o assunto.

VAI DEVAGAR, AMOR!

O preço dos seguros não mente: homens realmente se envolvem em mais acidentes do que mulheres. "Homens parecem particularmente perturbados por dois poderosos compostos: álcool e testosterona", diz o escritor americano Tom Vanderbilt, autor do livro "Por que dirigimos assim?" (Ed. Campus), sobre a ciência do trânsito.

Homens são mais agressivos no trânsito, correm mais. Por isso, um homem tem mais do que o dobro de chance de morrer dirigindo do que uma mulher, ainda que elas se envolvam mais em colisões não fatais -pequenas barbeiragens, digamos.

Os estatísticos descobriram, porém, que um homem dirigindo sozinho tem uma chance maior de se acidentar do que com uma mulher no banco de passageiros.

Ninguém sabe direito o motivo. Uma hipótese é que ele seja mais cuidadoso porque quer protegê-la. A outra, talvez mais provável, é que a mulher incomoda tanto o sujeito com gritos de "cuidado!" que ele se rende -ou para o carro e manda ela descer, em um cenário mais raro.

Esse fenômeno é tão sério que o Exército israelense resolveu treinar soldados do sexo feminino para atuar, nas palavras deles, como "tranquilizadoras" dos soldados homens em deslocamento e evitar mortes -não se sabe se eles ficaram exatamente "tranquilizados", mas o número de mortes caiu.

No que se refere a profissões, médicos, sejam homens ou mulheres, estão no topo do ranking das ocupações que mais se envolvem em acidentes feito por uma seguradora da Califórnia.
Eles só perdem para estudantes -aí mais pela idade. Jovens têm menos experiência e são mais irresponsáveis.

A explicação é que médicos, além de terem uma profissão estressante, com frequência dirigem com certa urgência entre um hospital e outro, talvez ao celular.

Ninguém soube explicar a altíssima quantidade de arquitetos envolvidos em acidentes, em quarto lugar. Depois de muito refletir, os pesquisadores só conseguiram levantar uma hipótese: vai ver eles se distraem olhando prédios e acabam batendo.

Corretores de imóveis talvez batam muito por motivo similar -e eles estão o dia inteiro se deslocando pela cidade, uma hora acontece.

No outro extremo, fazendeiros (que dirigem bastante em lugares sem movimento) raramente batem o carro.

Independentemente da profissão, gente endividada se envolve mais em colisões. "Você não apostaria na possibilidade de motoristas arrojados serem pessoas avessas ao risco que anseiam por rotina e tranquilidade na sua vida normal, não? É um mantra antigo: um homem dirige como vive", diz Vanderbilt.

As pessoas também batem mais carros alugados -elas são, óbvio, mais cuidadosas se o patrimônio for seu. Carros maiores batem mais do que pequenos, pois a sensação de segurança inspira menos responsabilidade.

Números assim fizeram o economista da Universidade de Chicago Sam Peltzman tentar explicar por que avanços de segurança (notoriamente a adoção dos cintos) não se transformaram em menos mortes no trânsito: as pessoas passaram a dirigir mais perigosamente.

"O aumento na segurança nos carros foi "compensado" pelo aumento no índice de mortalidade de pedestres, ciclistas e motociclistas. Economistas têm uma velha piada: o instrumento mais eficaz de segurança nos carros seria um punhal instalado no volante e apontado para o motorista", diz Vanderbilt.

Médicos Reprovados - Bom para discussão


Tive acesso ao texto abaixo através de um email que recebi de um amigo.


O texto e as opiniões são do "Estadão", mas acho que ele provoca reflexões e abre espaço para discussões muito interessantes.

Imagino que qualquer professor de medicina ou de saúde do Brasil se preocupe com isto, em especial porque temos muitos brasileiros fazendo vestilbular em países vizinhos porque o acesso é mais fácil.

Por outro lado, já trabalhei com pós-graduandos, "residentes em regime especial para estrangeiros", na pediatria da UERJ que eram de ótima qualidade pessoal e técnica.

Compartilho, então, duas questões para discussão:

1o) Como será esta avaliação. Aprovação só de 2 em um grupo tão grande pode ser problema deles e/ou da forma de avaliação, não é?

2o) Se fizéssemos um grupo controle com médicos brasileiros, em especial com nossos recém-formados, como seria o nosso desempenho? Se fosse diferente, acho que estaríamos mais embasados quanto às supostas "evidências" levantadas.


MÉDICOS REPROVADOS

FONTE: O Estado de S.Paulo, em 3 de janeiro de 2011

Os resultados do projeto-piloto criado pelos Ministérios da Saúde e da Educação para validar diplomas de médicos formados no exterior confirmaram os temores das associações médicas brasileiras. Dos 628 profissionais que se inscreveram para os exames de proficiência e habilitação, 626 foram reprovados e apenas 2 conseguiram autorização para clinicar. A maioria dos candidatos se formou em faculdades argentinas, bolivianas e, principalmente, cubanas.

As escolas bolivianas e argentinas de medicina são particulares e os brasileiros que as procuram geralmente não conseguiram ser aprovados nos disputados vestibulares das universidades federais e confessionais do País. As faculdades cubanas - a mais conhecida é a Escola Latino-Americana de Medicina (Elam) de Havana - são estatais e seus alunos são escolhidos não por mérito, mas por afinidade ideológica. Os brasileiros que nelas estudam não se submeteram a um processo seletivo, tendo sido indicados por movimentos sociais, organizações não governamentais e partidos políticos. Dos 160 brasileiros que obtiveram diploma numa faculdade cubana de medicina, entre 1999 e 2007, 26 foram indicados pelo Movimento dos Sem-Terra (MST). Entre 2007 e 2008, organizações indígenas enviaram para lá 36 jovens índios.

Desde que o PT, o PC do B e o MST passaram a pressionar o governo Lula para facilitar o reconhecimento de diplomas cubanos, o Conselho Federal de Medicina e a Associação Médica Brasileira têm denunciado a má qualidade da maioria das faculdades de medicina da América Latina, alertando que os médicos por elas diplomados não teriam condições de exercer a medicina no País. As entidades médicas brasileiras também lembram que, dos 298 brasileiros que se formaram na Elam, entre 2005 e 2009, só 25 conseguiram reconhecer o diploma no Brasil e regularizar sua situação profissional.

Por isso, o PT, o PC do B e o MST optaram por defender o reconhecimento automático do diploma, sem precisar passar por exames de habilitação profissional - o que foi vetado pelo Conselho Federal de Medicina e pela Associação Médica Brasileira. Para as duas entidades, as faculdades de medicina de Cuba, da Bolívia e do interior da Argentina teriam currículos ultrapassados, estariam tecnologicamente defasadas e não contariam com professores qualificados.

Em resposta, o PT, o PC do B e o MST recorreram a argumentos ideológicos, alegando que o modelo cubano de ensino médico valorizaria a medicina preventiva, voltada mais para a prevenção de doenças entre a população de baixa renda do que para a medicina curativa. No marketing político cubano, os médicos "curativos" teriam interesse apenas em atender a população dos grandes centros urbanos, não se preocupando com a saúde das chamadas "classes populares".

Entre 2006 e 2007, a Comissão de Relações Exteriores da Câmara chegou a aprovar um projeto preparado pelas chancelarias do Brasil e de Cuba, permitindo a equivalência automática dos diplomas de medicina expedidos nos dois países, mas os líderes governistas não o levaram a plenário, temendo uma derrota. No ano seguinte, depois de uma viagem a Havana, o ex-presidente Lula pediu uma "solução" para o caso para os Ministérios da Educação e da Saúde. E, em 2009, governo e entidades médicas negociaram o projeto-piloto que foi testado em 2010. Ele prevê uma prova de validação uniforme, preparada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais do MEC, e aplicada por todas as universidades.

Por causa do desempenho desastroso dos médicos formados no exterior, o governo - mais uma vez cedendo a pressões políticas e partidárias - pretende modificar a prova de validação, sob o pretexto de "promover ajustes". As entidades médicas já perceberam a manobra e afirmam que não faz sentido reduzir o rigor dos exames de proficiência e habilitação. Custa crer que setores do MEC continuem insistindo em pôr a ideologia na frente da competência profissional, quando estão em jogo a saúde e a vida de pessoas.