sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Insistência de mãe salva bebê após três médicos dizerem que câncer era resfriado

Apesar de alguns cientistas afirmarem que o instinto materno não existe (a figura da mãe seria construída na convivência com o bebê), a britânica Adelle Wright acredita que foi por causa disso que ela descobriu que sua filha estava com câncer, mesmo depois de três especialistas afirmarem que o que a menina tinha era um resfriado.

Durante férias de família em setembro, na Espanha, Ruby, hoje com 16 meses, adoeceu e seus pais preocupados voltaram para casa. Na primeira ida ao médico, ele diagnosticou um resfriado. Como a menina não melhorava, os seus pais a levaram mais duas vezes ao hospital, os especialistas confirmaram a doença e receitaram gotas nasais, apesar da garota não comer e ter muitas dificuldades para respirar.

Mas a intuição de Adelle disse para ela não desistir. A mãe, então, levou a menina até um hospital em Manchester, Inglaterra. Nessa ocasião, os médicos afirmaram que a garota estava com rabdomiossarcoma, um câncer dos tecidos moles que afeta cerca de 60 crianças por ano no Reino Unido. Por conta disso, um tumor que ocupava cerca de 90% da traquéia de Ruby foi encontrado.

"Os médicos podem ter pensado que éramos pais insistentes, mas eu sabia que algo estava errado. De qualquer maneira, a descoberta foi um choque: em uma semana o diagnóstico passou de apenas um resfriado para um câncer", contou a mãe ao jornal Daily Mirror. Os próprios especialistas disseram que a insistência de Adelle pode ter salvado a vida de Ruby. Desde a descoberta da doença, a menina já operou três vezes e agora passa por quimioterapia.

FONTE: Crescer

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O médico, o paciente e a internet

A revista Veja publicou uma reportagem bem interessante sobre a relação entre médicos e pacientes na internet, em especial no Facebook. A conclusão é de que a maioria dos médicos não está preparado para isto, que não adicionaria pacientes em sua rede e que o Facebook pode atrapalhar a relação entre eles.

Sei que minha opinião pode parecer radical para alguns, mas eu acho isto tudo uma besteira.
As relações na rede, ao meu ver, devem ser imbuídas dos fundamentos básicos de qualquer relação humana e social: respeito e compromisso com o que se fala ou faz.

Nós médicos não podemos nos esquivar da evolução... E temos que cuidar das pessoas com a clareza de que a vida delas é tão importante quanto a nossa. E a condição comum de sermos PESSOAS talvez seja o que lhes fazem confiar em nossos CUIDADOS. O paciente não quer médico em pedestal (eu acho). Ele quer alguém que olhe no olho, que converse com ele, que saiba escutar e que o dê segurança e conforto.

Então, não esqueçamos que médico é uma pessoa como qualquer outra. O que ele acha que pode/deve fazer em público deve reger também seu comportamento na rede.

A informação está disponível para todos e o Dr Google é o primeiro "consultório" da maioria das pessoas. Qual é o problema do paciente perguntar muito, chegar com folhas impressas sobre suas doenças ou, até, fazer seus "diagnósticos"? Nenhum. Muitas vezes eles até acertam... :-)

Isto costuma incomodar principalmente o médico que se julga "dono do saber", que se relaciona com o paciente de maneira desigual, que vive em uma redoma e fala de um pedestal.

Vejo esta realidade, então, como um desafio que pode impulsionar os médicos a se manterem atualizados, buscando reconhecer e superar seus limites.

Além de se atualizar, o médico deverá saber "filtrar" o que o paciente buscou na internet, ajudá-lo a obter informações confiáveis e, invariavelmente, abordar o SOFRIMENTO do paciente com o seu problema de saúde e não apenas a sua DOENÇA.

Quem sabe isto não melhore a qualidade da medicina que, infelizmente, tem deixado muitas vezes a desejar...?

Gostei desta reportagem. Pode provocar um ótimo debate.

Sugiro que as pessoas levem isto para discutir com outras pessoas e, em especial, com estudantes e professores de medicina.

Temos que evoluir! Ou, pelo menos, temos que nos adequar a esta nova forma de relação médico-paciente.

E então? O que você acha?
Não precisa concordar comigo.
Acho que quanto mais debatemos, mais visões conhecemos e todos crescem...

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

China trata (ou maltrata?) viciados em internet


Com 10 milhões de viciados em internet, China cria 400 centros para dependentes e usa até eletrochoques

PEQUIM - No início de 2010, 14 jovens chineses, de 15 a 22 anos, revoltaram-se contra a administração da clínica de reabilitação onde tinham sido internados, na província de Gansu, para tratar de seu vício em jogos eletrônicos. Para mostrar sua insatisfação, eles simplesmente amarraram o diretor num poste e fugiram correndo. Mas, por falta de dinheiro, não foram muito longe. A polícia os deteve. De volta ao centro de reabilitação, eles explicaram que a razão da fuga tinha sido o tratamento brutal, a disciplina militar e a violência física a que eram submetidos para livrarem-se do vício. Em 2009, outro incidente semelhante num centro de tratamento do Sul da China terminou em tragédia: um jovem interno apanhou até morrer. Dois instrutores foram condenados a dez anos de prisão por homicídio.

Casos assim tendem a se disseminar pelo país. De acordo com o jornal "China Daily", já existem na China cerca de 400 centros de reabilitação onde o vício em internet é tratado com a ajuda de métodos brutais como punições corporais e eletrochoques. Isto porque a chamada "dependência digital" transformou-se num dos principais problemas de saúde pública do país.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Internet da Juventude Chinesa, sofrem de dependência virtual dez milhões dos 195 milhões de jovens (ou seja, com menos de 25 anos de idade). O dado explica a multiplicação dos centros de desintoxicação.

Cresce o número de 'mobinautas'

A China é o hoje o maior consumidor mundial de novas tecnologias, principalmente no setor de telefonia celular e de internet. As empresas do setor estão de olho no país. Fabricante dos dispositivos eletrônicos mais desejados em todo o mundo, a Apple calcula que o número de usuários de celular chineses esteja, atualmente, em 800 milhões. E esse total vai ultrapassar o bilhão em 2020. Ou até antes.

Por sua vez, o China Internet Network Information Center (CNIIC) assegura que existem 450 milhões de internautas no país. Desse total, 50% têm menos de 25 anos, 46% são mulheres e cerca de 30% fazem parte da categoria dos $, um neologismo inventado pelo CNIIC para denominar aqueles que acessam a internet através do celular. Esta última categoria é a que mais cresce: 50% entre 2009 e 2010.

Uma das explicações para o sucesso da internet no país é o próprio custo do acesso à rede: na China, sai bem mais barato navegar na rede via celular do que através dos computadores.

Outro dado interessante é que os jovens chineses têm preferência pelos sites de música (84,5%), de notícias (81,5%) e correio eletrônico (77,2%). A garotada da chamada Geração Y (com menos de 20 anos de idade) passa muitas horas diante da tela tanto para a comunicação pessoal quanto profissional. No trabalho, a média é de 34 horas por semana, contra 11 horas nos países ocidentais. Em casa, para uso pessoal, os jovens chineses dedicam em média 14,8 horas por semana aos jogos eletrônicos - contra 3,4 horas no resto do mundo; 5,1 horas para compras na internet (contra uma hora nos outros países) e três horas para ver os vídeos musicais.

Estes dados podem parecer exagerados - mas, num país de grande população como a China, eles são facilmente explicáveis. A loucura virtual que tomou conta dos consumidores é consequência do $de que as multinacionais investiram US$ 765 bilhões neste mercado nos últimos 30 anos. Todo esse dinheiro circulando pelo país provocou rapidamente o crescimento de um setor que a China praticamente desconhecia. O resultado foi o surgimento, em pouco tempo, de uma verdadeira fúria consumista: todos querem ter o modelo de aparelho mais recente. E muitos trabalhadores são capazes de pagar até 30% do salário mensal para adquiri-lo.

Tecnologia mudou o hábito da escrita

Nas fábricas do Sul do país, principalmente na região de Shenzhen, onde a mão de obra barata atraiu rapidamente os investimentos estrangeiros, a oferta de televisores, computadores, DVDs e smartphones explodiu, conquistando tanto mercado externo quanto interno. Atualmente, não há marca internacional de prestígio que não esteja na região: Microsoft, IBM, Siemens, Apple, Nortel, Hitachi e Sony, entre tantas outras. Em 2000, das fábricas chinesas saíam 10% da produção mundial de eletrônica. Em 2010, já são 26% - e se prevê que esse índice chegará ao patamar de 30% em 2020.

De acordo com o instituto Decision, especialista em estudos de mercado para a indústria eletrônica, em 2011 a China vai fabricar 70% dos DVDs, 46% dos computadores, 42% dos celulares e 39% dos televisores à venda no mercado mundial.

Mas não é certo que no futuro estes produtos só se destinem à exportação. A China está mudando seu modelo de crescimento econômico voltado para o comércio exterior. A conquista do mercado interno foi uma das soluções apontadas pelo governo para contornar a crise financeira de 2008/2009. Para incentivar o consumo das novas tecnologias, as autoridades chinesas elaboraram uma estratégia comum com as principais multinacionais do país como Lenovo, Haier, Great Wall ou com a Acer de Taiwan. Cantores, estrelas de cinema, humoristas ou esportistas de renome foram escolhidos para louvar os méritos de celulares ou computadores em outdoors ou em programas de televisão.

Paralelamente, o governo concedeu subsídios a escolas, universidades e empresas que desejassem adquirir equipamentos modernos. Campanhas para aumentar o acesso à internet nas áreas rurais também foram lançadas, de modo que o consumo interno atingiu níveis exponenciais.

Para isto contribuíram vários fatores: primeiro, a fascinação dos jovens chineses pelos produtos do Ocidente que sejam símbolo de status ou de modernidade. Segundo, o princípio básico do relacionamento social, que é "não perder a face", ou seja, não se sentir humilhado por estar em situação de inferioridade. No caso, ao ver um amigo ou colega adquirir o mais recente modelo de smartphone, o jovem chinês sente-se obrigado a comprar um igual - caso contrário, perde a face.

A terceira explicação também é cultural: a mídia eletrônica modificou fundamentalmente a escrita dos chineses. O teclado dos celulares ou dos computadores não poderia conter os 40 mil ideogramas do mandarim, por exemplo. Graças à transposição fonética dos ideogramas ancestrais em letras do alfabeto, os jovens apressados não precisam mais perder tempo traçando signos de sete até 20 traços. Assim, digitando nos celulares ou no teclado dos computadores, a garotada inventou uma linguagem nova, desvinculada do chinês tradicional, e criou espaços de liberdade que permitem desafiar todos os poderes. Isto explica tantas cabeças baixas e olhos fixos nas telinhas que são vistas nos transportes coletivos, nas ruas, nos prédios públicos - em suma, no cotidiano da China, o novo palco do show digital.

FONTE: O Globo, 13 de dezembro de 2010