Há vários cursos de pós-graduação (lato sensu) oferecidos na modalidade de EAD e uma centena de instituições credenciadas para ministrar cursos de graduação a distância. De acordo com o censo do INEP de 2005, há 189 cursos de graduação utilizando EAD com 114.642 matrículas, representando 2,5% do total de matrículas nos cursos de graduação no país. Pela legislação, as avaliações, o uso de laboratórios, estágios e defesas de trabalhos de conclusão de cursos devem ser presenciais. Há também, muitos cursos de graduação semi-presenciais, através dos quais os alunos têm 20% da carga horária desenvolvida através de EAD.
As vantagens da EAD são inúmeras, tanto que muitas empresas utilizam esta modalidade (e-learning) para realizar treinamento de seus funcionários, permitindo agilidade no processo de capacitação profissional e redução de custos, pois não há necessidade de locomoção de instrutores e treinandos. Os funcionários podem realizar seus cursos, de acordo com sua velocidade de aprendizagem ou em função de sua disponibilidade.
Ainda há obstáculos a serem superados na EAD, a começar pelas políticas públicas que devem impedir a expansão quantitativa e descontrolada de cursos, eliminando qualquer possibilidade de transformação desta modalidade de ensino em business, impedindo que organizações com pouco ou nenhum compromisso com a qualidade da educação no país atuem neste segmento.
A EAD traz para o aluno inúmeras vantagens em seu dia-a-dia. Os custos e as dificuldades de transportes e o tempo despendido na locomoção até a instituição de ensino são praticamente eliminados. Para os estudantes do período noturno, em geral estudantes-trabalhadores, há também a redução nos riscos associados à segurança pessoal.
Há uma outra dimensão para ser analisada: a sala de aula, pois é o espaço para a interação entre professor-aluno, aluno-aluno, discussões de novas situações propostas e troca de experiências. A vivência em outras áreas físicas da instituição, como: bibliotecas, espaços de convivência, laboratórios e outros, não pode ser negligenciada. Os conteúdos e o sistema de avaliação são outros elementos fundamentais. Os materiais de aula, exercícios, testes e de estímulo à realização de pesquisas devem ser criteriosamente desenvolvidos por professores especializados e com sólida experiência na prática pedagógica, com o apoio de profissionais da área de tecnologia da informação. Estes materiais podem ser contextualizados de acordo com aspectos locais, além de facilitar a integração entre as diversas disciplinas do curso.
O sistema de avaliação deve ser contínuo e intensamente discutido com professores e elaboradores de políticas públicas. Infelizmente, quando se fala em avaliação, pensa-se quase que exclusivamente na realização de provas e exames com o intuito de se realizar a medição do aprendizado do estudante, a fim de promovê-lo ou não para o nível seguinte. A avaliação deve também servir para os professores como feedback de aprendizado, permitindo identificar as principais dificuldades dos alunos, subsidiando melhorias nos aspectos didáticos do professor e na estratégia de desenvolvimento de conteúdos.
As ferramentas tecnológicas que surgem a cada dia têm muito a contribuir com a educação superior no país, com a qualidade de materiais e ferramentas para cursos de EAD (chats, jogos, simuladores, comunicadores instantâneos, e-mail, bibliotecas virtuais), porém, sempre deverá existir uma porção presencial nos cursos, pois é só através da interação e do convívio social é que se tem a efetiva troca de informações, experiências, vivências e sentimentos, e, de estímulo à pesquisa e à evolução do conhecimento humano. De acordo a Unesco (Relatório Delors), os quatro pilares da educação são: fazer com que o aluno aprenda a conhecer, aprenda a fazer, aprenda a conviver e aprenda a ser. Uma questão que se lança para a reflexão é se a EAD consegue endereçar estes quatro itens de forma ampla e realista.
Armando Terribili Filho, PMP. Doutor em educação pela UNESP e mestre em Administração de Empresas pela FECAP. Diretor de projetos da Unisys Brasil em São Paulo, professor da Faculdade de Administração e da pós-graduação da FAAP em cursos de Gestão de Projetos. Atua também na pós-graduação da UNINOVE em curso de formação de professores para o ensino superior. Detém a certificação PMP do PMI (Project Management Institute).
Fonte: Artigonal, 15/02/2008
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